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Voltar Presidente do TST participa de audiência pública sobre condenação do Brasil em explosão de fábrica de fogos na Bahia

Brasil foi condenado em 2020 pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por não concluir as sentenças cíveis e trabalhistas em prazo razoável.

Ministro Lelio Bentes no púlpito diante da mesa e da plateia da audiência pública

 

26/8/2024 - O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (BA) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) realizaram, na manhã desta segunda-feira (26), uma audiência pública no Município de Santo Antônio de Jesus (BA). O objetivo foi discutir com a comunidade local o acompanhamento das ações para cumprimento da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) no caso da explosão da fábrica de fogos na cidade.

A audiência contou com a presença do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ministro Lelio Bentes Corrêa, que reconheceu que o Estado brasileiro e o sistema judiciário falharam na proteção dessas pessoas.

Entenda o caso

Em 1998, a explosão da fábrica de fogos matou 64 das 70 pessoas atingidas. Entre as vítimas, 22 eram crianças que trabalhavam em condições precárias.

Em 2020, a CorteIDH decidiu que o Brasil deveria concluir as sentenças cíveis e trabalhistas em prazo razoável. A Corte concluiu que a explosão e suas consequências estão diretamente ligadas à discriminação sofrida por mulheres, crianças e adolescentes pobres e negras em Santo Antônio de Jesus, forçadas a trabalhar em condições precárias.

Todos os processos trabalhistas relacionados ao caso já foram quitados. No entanto, a Justiça do Trabalho concorda que o diálogo com outras instituições e a colaboração com os moradores são essenciais para implementar mais mudanças e cumprir a sentença integralmente.

Apoio institucional

Encontro com representantes do Movimento 11 de Dezembro
Na véspera da audiência, houve um encontro entre representantes da Justiça do Trabalho e o Movimento 11 de Dezembro para discutir ações e ouvir as demandas dos representantes das vítimas e seus familiares. O convite para a reunião surgiu após uma visita ao TST, onde membros do grupo se encontraram com o ministro. Sensibilizado pela causa, o presidente agendou sua participação na audiência pública desta segunda. 

Ao destacar que tomou conhecimento da continuidade da produção clandestina de fogos, Lelio Bentes reafirmou o apoio da Justiça do Trabalho ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para acabar com essas violações de direitos. “Estamos atentos e dedicando todas as nossas energias para apoiá-los nessa luta”, disse. 

Mudança social

A decisão da CorteIDH também visou promover uma transformação na realidade local. A partir dela, vários projetos foram planejados e implementados para criar novas oportunidades de vida para as vítimas da tragédia, seus familiares e toda a sociedade. 

Ministro Lelio Bentes e Ícaro Lima
Um deles é o Projeto 4.0, em funcionamento no campus Santo Antônio de Jesus do Instituto Federal da Bahia. Um laboratório de robótica, equipado com três impressoras 3D, protótipos de robôs e novos computadores, permitiu ao IFBA oferecer cursos de formação profissional, prioritariamente aos membros do Movimento 11 de Dezembro.

Ícaro da Hora Lima é um desses estudantes. Ele perdeu duas tias e uma prima na explosão e, graças à iniciativa, pôde concluir cursos de informática básica, marketing digital e robótica. O jovem, que é empreendedor no setor de alimentos, conseguiu aprimorar seu negócio aplicando os conhecimentos de marketing digital: “Comecei a administrar melhor”, afirmou. Os cursos também aumentaram suas chances no mercado de trabalho, e hoje ele avalia novas propostas de emprego.

(Com informações e fotos do TRT-5)

Leia mais:

1º/t/2024 - Violação de direitos humanos e o Brasil no banco dos réus - o caso da fábrica de fogos

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