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Voltar Dia do Psicólogo: profissão assume papel fundamental em tempos de pandemia

Secretaria de Saúde do TST tem especialistas prontos para atender servidores

27/08/2021 - No dia 27 de agosto, comemora-se o Dia do Psicólogo. O papel da profissão na assistência à saúde mental das pessoas ganhou ainda mais relevância em tempos de pandemia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), o Brasil lidera o ranking de casos de depressão e ansiedade durante a pandemia de covid-19. Ainda segundo especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia terá impacto de longo prazo na saúde mental das populações. 

Outro estudo, realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), indicou aumento de 90% nos casos de depressão no Brasil durante o período de crise sanitária. A análise revelou, ainda, que o número de pessoas com crise de ansiedade e estresse agudo praticamente dobrou entre março e abril de 2020, no início da pandemia.

Segundo a psicóloga da Secretaria de Saúde (Sesaud) do TST, Fabíola Izaias, com a covid-19, a sociedade mundial passou a enfrentar uma situação de crise, em termos de saúde mental, quase sem precedentes. “A pandemia atingiu muitos países, provocou muitas mortes, mudou a forma de as pessoas se relacionarem, a relação delas com trabalho e com as pessoas que faziam parte do seu círculo social”, explica.  

De acordo com a psicóloga, diante de todo o processo de desencadeamento de ansiedade, alimentada cotidianamente pelo risco de contágio, era previsto o surgimento de uma gama de reações vinculadas à saúde mental das pessoas. “Essas reações poderiam ser relacionadas tanto à pandemia em si, quanto às mudanças que ela exigiu em termos de distanciamento social. As reações emocionais eram consideradas normais dentro do contexto. Porém, se as pessoas não tivessem espaço para se expressar, para trabalhar as emoções e um espaço para voltar a equilibrá-las, os quadros de transtorno e de estresse pós-traumático apareceriam”, explica a psicóloga. 

Pandemia

A psicóloga ressalta que a ansiedade, a depressão e o estresse são elementos que têm sido amplamente considerados nos estudos feitos em diversos países, acerca dos efeitos da pandemia na saúde mental. “Nesse ponto, o saber do psicólogo foi fortemente requerido desde o início, no sentido de pensar em uma psicoeducação para a população, ou seja, esclarecer as reações emocionais que iriam ocorrer e como a população poderia manejar essas reações para retornar a um equilíbrio”, afirma.

Segundo Fabíola, os psicólogos atuaram, desde o início, tanto na elaboração de políticas públicas de informação quanto no atendimento e na escuta daquelas pessoas que apresentaram maior sofrimento com a pandemia. Em um segundo momento, trabalharam com as sequelas presentes em pessoas acometidas pela doença e naquelas que perderam seus parentes, amigos ou pessoas próximas, sem poder realizar os ritos de despedidas.

“Nesse ponto, a psicologia teve uma atuação desde o pré-impacto até o pós-impacto, que será o período em que a sociedade estará com um processo de contágio controlado. Porém, esse momento também será de readaptação, já que a gente passou tanto tempo em um processo de suspensão”, explica. 

Fabíola comenta que a psicologia tem a responsabilidade de montar programas para acolher pessoas que estão sofrendo. Além disso, deve colaborar com as políticas públicas, com a psicoeducação e também realizar o trabalho de ponta, que é fazer a escuta atenta das pessoas e conduzi-las a tratamentos psicoterápicos. 

Hospitais e profissionais da saúde

Outra área a que a psicologia voltou sua atenção foi a dos hospitais. De acordo com Fabíola, várias famílias precisaram passar por períodos sem contato com o paciente hospitalizado, que tinha como única companhia os integrantes da equipe médica. Outro ponto de destaque com que os psicólogos tiveram que lidar foi o prejuízo à vida pessoal de médicos, enfermeiros e demais prestadores da saúde, que conviveram com mortes e a impotência perante uma doença desconhecida. 

Empresas também foram obrigadas a refletir sobre os efeitos do trabalho remoto compulsório, as mudanças de rotina e o estabelecimento de novos tipos e modelos de relações de trabalho. De acordo com a psicóloga, os empregadores tiveram que lidar com o medo que acometeu os trabalhadores que permaneceram em trabalho presencial. 

Atendimento virtual

A modalidade de atendimento psicológico virtual também foi lembrada por Fabíola. Segundo ela, o modelo é uma tendência que veio para ficar e que exige dos psicólogos novas reflexões e a descoberta de toda a potencialidade que as ferramentas de tecnologia de informação podem colocar ao dispor do trabalho em saúde mental. 

“Também foi um desafio para a categoria, que teve que se reinventar, discutir as bases científicas de novas formas de procedimento e atendimento. Tivemos que nos engajar na regulação dessas novas formas, pensar formas criativas e eficazes de fazer com que a psicologia pudesse alcançar até os mais distantes e aqueles sem possibilidades de um atendimento presencial. Foi um momento de desafio, crescimento e é mais um momento de fortalecimento desse campo profissional”, comenta. 

Vencendo preconceitos

Fabíola lembra que, muitas vezes, a faceta mais conhecida do psicólogo é a do profissional clínico, mas, na verdade, é mais do que isso. “Nas relações familiares, nos espaços em que os seres humanos têm que lidar com regras, dentro das relações culturais, nas relações de gênero, nas relações ligadas a estabelecimentos de minorias, nas categorias vulneráveis de forma geral, em todas essas situações os psicólogos são conclamados a contribuir. Portanto, é uma profissão que tem entrada nas mais diversas camadas de uma realidade social e cultural”, explica.

Segundo ela, durante muito tempo, houve o mito daqueles que procuravam a psicologia serem, necessariamente, pessoas com transtornos mentais graves. “Na verdade, não. Hoje, a gente vê que, com maior informação da população, isso tem diminuído. As pessoas entendem que o psicólogo é um profissional da saúde e que a saúde mental é um aspecto importante para o todo”, frisa.

Iniciativas do TST

Atenta a todas as consequências relacionadas à saúde mental que a pandemia pode ocasionar a estagiários, prestadores, servidores e magistrados, a Secretaria de Saúde (Sesaud) instituiu equipe de saúde mental composta pela psicóloga Fabíola Izaias, pela assistente social Maria Lúcia Giavoni e pela psiquiatra Danyela Padua Mourão. A unidade disponibilizou também uma central de atendimento aos servidores que necessitam de auxílio psicológico. A iniciativa levou em conta os impactos trazidos pela pandemia de covid-19 e a consequente suspensão das atividades presenciais.

Vencendo o luto

De acordo com a psicóloga, um dos projetos realizados pela Sesaud e pela Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas (Cdep) foi criar o espaço “Travessia”, para homenagear amigos, parentes e servidores que partiram em meio à pandemia. “Esse foi um dos espaços pensados porque sabemos que, durante a pandemia, os ritos funerários ficaram muito restritos e ter um momento para poder vivenciar esses ritos, para poder se despedir das pessoas que se ama, é algo muito importante no processo de luto. Por isso, oferecemos um espaço para que as pessoas pudessem fazer uma homenagem e refletir sobre a importância que aquela pessoa teve na sua vida”, diz.

A Sesaud tem oferecido, também, escuta individual para as pessoas que estão tendo mais dificuldade com a dor do luto. “Esse momento é muito importante, para que a pessoa possa expressar o que representou aquela partida, as dificuldades que ela trouxe e como está sendo esse momento de travessia”, conclui.

Saiba mais: Dia da Saúde Mental: conheça as iniciativas do TST para a promoção do bem-estar de servidores

(Nathalia Valente/RT)

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