TST promove curso sobre diversidade com imersão em espaço indígena - ASDIN- Assessoria de Acessibilidade, Diversidade e Inclusão
A ação faz parte do projeto “Letramento em Diversidade”
13/05/2024 - O Tribunal Superior do Trabalho promoveu nesta quinta-feira (9), para seu público interno, uma imersão no Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas, popularmente conhecido por Maloca, na Universidade de Brasília (UnB), para ouvir depoimentos de lideranças indígenas. A ação faz parte do curso “Letramento em Diversidade: (re) pensando o Direito do Trabalho a partir dos Territórios”.
Imersão aprofunda compreensão da diversidade
Segundo os organizadores do curso, a imersão proporciona experiências que permitem compreender melhor a realidade vivida por diferentes grupos sociais em diversas comunidades. Manu Tuyuka, acadêmica em direito e presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB, explica que a Maloca é considerada um espaço indígena e um local de articulação política. “É muito simbólico receber pessoas do Judiciário para poder repassar nossos conhecimentos e experiências”, destaca.
No mesmo sentido, Maíra Pankararu, da Aldeia Brejo dos Padres e mestra em direito, assinala que o espaço não é, tecnicamente, uma terra indígena, mas é considerado assim. “Quisemos trazer toda a ambientação indígena e sair do ‘mundo quadradinho’ dos prédios públicos para mostrar como é a diversidade”.
Povos indígenas são plurais
Manu ressaltou em sua exposição que as pessoas costumam se referir aos povos originários como se fossem um só povo, mas lembra que no Brasil existe uma diversidade vasta de culturas e línguas faladas. “Aqui na UnB, somos um coletivo formado por mais de 50 etnias. No Brasil, são mais de 300 etnias diferentes, com cerca de 270 línguas. Os indígenas são plurais, e não são um povo só. São diversos, têm suas tradições, culturas e diferentes formas de viver. Hoje conseguimos desmistificar esse conceito de indígena no singular e semear semear a ideia dos indígenas no plural”.
Maíra, por sua vez, destaca que a sociedade não é uniforme, monolítica, em que só existe o homem branco heterosexual. “Precisamos desta experiência nos territórios, com o pé no chão, para entender isso e não só transformar nosso ambiente de trabalho, mas também ajudar a Justiça em si”, afirma. “Muitos aqui escrevem votos, fazem minutas, contratos, e essa é uma oportunidade para sensibilizá-los para parar e pensar o que podem fazer diferente a partir do olhar da diversidade”.
Empresas e órgãos públicos devem criar espaços para a diversidade
Thaynara Xerente, psicóloga e membra da Articulação Brasileira de Indígenas Psicólogos (as) (Abipsi), defendeu que empresas e órgãos públicos tenham espaços onde a diversidade esteja presente. “Esses ambientes devem ser pensados não apenas para as pessoas entrarem, mas para permanecerem”, propõe. “Devem ser elaborados para respeitar as particularidades, para que cada pessoa possa contribuir e ter sua voz de fato ouvida”.
Para a psicóloga, as minorias devem ser acolhidas, e o contato com elas contribui para o trabalho e a vida pessoal e para que as pessoas sejam mais humanas e tenham uma vida saudável. Com isso, vai chegar um momento em que não será mais necessário pensar em políticas de inclusão.
Novas perspectivas enriquecem Justiça do Trabalho, afirma presidente
De acordo com o presidente do TST, ministro Lelio Bentes Corrêa, para pensar em diversidade, não basta agregar a perspectiva dos povos indígenas, de identidade de gênero e de raça: é preciso se preocupar no ambiente para o acolhimento dessas pessoas, que irão enriquecer a instituição. “Para isso, nada melhor que ouvir a todos. A Maloca é um ambiente ideal para trocar experiências e aprender com as culturas milenares dos nossos povos indígenas”, disse.
Para o presidente, o encontro gerou uma reflexão sobre como a sociedade está se comportando em relação à diversidade no ambiente de trabalho. “Estamos sendo acolhedores? Estamos efetivamente interessados em aprender novas perspectivas e aplicá-las? Ou estamos simplesmente reproduzindo uma atitude formal, burocrática, e, com isso, aumentando a distância e frustrando as expectativas de efetiva integração de todas as perspectivas?”
Para o ministro Alberto Balazeiro, a aproximação do Tribunal com as pautas de diversidade é histórica. “A partir da capacitação, é possível conhecer para poder combater a discriminação, o assédio e todas as formas de exclusão”, sustentou. “Capacitar pelo letramento racial para a diversidade e promover a inclusão social são pautas de um tribunal que se apresenta autenticamente como um Tribunal da Justiça Social”.
(Nathália Valente/CF)
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